CENTRAL (12)

Como funciona o cérebro de um viciado em cocaína

Descubra as profundas alterações cerebrais que ocorrem em quem usa cocaína, entendendo os mecanismos neurológicos do vício e suas consequências para a vida diária.
Como funciona o cérebro de um viciado em cocaína

Pra começo de conversa, entender o cérebro de alguém viciado em cocaína não é moleza, viu? Aquele pozinho branco que parece inofensivo faz um estrago danado lá dentro!

E olha, não tô falando só de ficar “ligadão” por algumas horas não.

Sabe como é quando você fica com aquela vontade louca de comer chocolate? Agora imagina isso multiplicado por mil, com o cérebro literalmente implorando por mais.

Afinal, a cocaína é tipo uma sequestradora que invade o sistema de recompensa cerebral e muda completamente as regras do jogo.

Uma pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP descobriu algo preocupante: quem começa a usar cocaína antes dos 18 anos tem muito mais problemas no cérebro depois.

Isso porque, pois é, o cérebro adolescente ainda tá em construção, passando por aquela famosa “poda neural” quando o cérebro se reorganiza e amadurece.

Na prática, o que vemos é aquele amigo que era tranquilo e, de repente, não consegue mais controlar o uso da droga.

Ou talvez aquela pessoa inteligente que começa a tomar decisões incompreensíveis. Não é frescura nem falta de caráter é química cerebral mesmo!

E sabe o que é o mais cruel nisso tudo? Com o tempo, o cérebro deixa de usar a cocaína para sentir prazer extra e passa a precisar dela só pra se sentir normal.

É como se alguém tivesse alterado a configuração de fábrica do seu cérebro.

O primeiro contato: como a cocaína entra no cérebro

Imagina só: você cheira aquela carreira de pó branco e, em questão de alguns segundos, a droga já tá lá, invadindo seu cérebro, aprontando todas. Rapidinho, hein? Mas como isso acontece tão rápido?

Tá, vamos por partes. Primeiro, a cocaína é espertinha e passa facilmente pela barreira hematoencefálica tipo um sistema de segurança super rígido que impede que muitas substâncias entrem no cérebro. Mas a cocaína? Essa passa tranquilona!

Quando chega lá, ela faz uma bagunça danada com os neurotransmissores principalmente a dopamina, que é aquela substância que te faz sentir bem quando você come um doce.

O problema é que a cocaína impede que essa dopamina seja reabsorvida, então ela fica circulando por muito mais tempo, causando uma sensação de prazer absurda.

Pensa comigo: é como se, em vez de sentir aquela satisfação normal depois de comer um chocolate, você sentisse o prazer de ganhar na loteria, sabe?

É uma explosão tão forte de bem-estar que o cérebro pensa: “Caramba, isso deve ser super importante pra minha sobrevivência! Preciso me lembrar disso!”

Aí é que mora o perigo, viu? Nosso cérebro evoluiu pra valorizar coisas que nos ajudam a sobreviver – comida, sexo, conexões sociais.

Ele não tá preparado pra lidar com uma substância que hackeia todo esse sistema. É tipo ligar um aparelho de 110v numa tomada de 220v – vai dar ruim, pode apostar!

Mudanças na química cerebral: um desbalanceamento progressivo

Confesso que essa parte é meio assustadora. Depois de um tempo usando cocaína, o cérebro começa a se defender daquele prazer todo.

Ele pensa: “Opa, tem algo errado aqui, essa dopamina tá demais!”, e começa a reduzir o número de receptores disponíveis.

Em teoria, isso seria uma proteção, tá? Mas na real, acaba criando outro problema: a pessoa precisa de mais cocaína pra sentir o mesmo efeito.

E não é só isso não. As coisas normais da vida – como um filminho com a pessoa amada ou uma comida gostosa – já não dão mais o mesmo prazer.

Uma pesquisa publicada em 2004 mostra que as drogas causam alterações que duram muito tempo nos circuitos cerebrais.

No caso da cocaína, ela mexe especialmente com a via mesocorticolímbica – nome difícil, né? Mas basicamente é o caminho que vai da área tegmetar ventral até o núcleo accumbens e o córtex pré-frontal.

Não precisa decorar esses nomes, o importante é que esse circuito tá ligado ao prazer, à motivação e às decisões.

E o córtex pré-frontal, que é tipo o chefe do cérebro, responsável por decidir o que é sensato ou não, também fica todo bagunçado.

Por isso que às vezes a gente vê pessoas super íntegras começando a mentir, roubar ou fazer coisas que nunca imaginaria, só pra conseguir mais droga.

Além disso, o sistema límbico, que controla as emoções, fica todo desregulado. Daí aquela ansiedade terrível, não querer mais conviver em público, a paranoia e até depressão quando a pessoa não tá usando.

E quanto mais tempo usa, mais difícil fica de reverter essas mudanças. As conexões neurais relacionadas à droga viram verdadeiras autoestradas, enquanto outras conexões importantes vão se deteriorando, que nem estradas abandonadas.

Memória e vício: o papel do hipocampo na dependência

Já parou pra pensar por que um ex-usuário pode ficar anos sem usar, mas quando passa em frente a um bar onde costumava comprar droga, ou encontra um antigo parceiro de uso, de repente sente aquela vontade incontrolável? Pois é, a culpa é do hipocampo, nossa central de memórias!

O hipocampo é esquisito, viu? Ele guarda as memórias que acha importantes pra nossa sobrevivência. E, depois do uso repetido de cocaína, ele passa a considerar tudo relacionado à droga como “essencial para sobreviver”.

No Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, rolou uma pesquisa com 15 dependentes de cocaína em abstinência. Sabe o que descobriram? Esses caras tinham problemas sérios em testes de memória verbal, memória visual, atenção e outras funções.

Esse negócio de memória é ainda pior quando a pessoa começa a usar muito cedo. A neuropsicóloga Bruna Mayara Lopes estudou 103 pacientes viciados e viu que quem começou antes dos 18 anos tinha danos muito mais graves nas funções cognitivas, principalmente na memória de trabalho aquela que a gente usa pra guardar informações enquanto faz alguma tarefa.

Na vida real isso é tenso, viu? O cara esquece de buscar o filho na escola, não consegue se concentrar no trabalho, perde compromissos importantes… É como se partes do sistema operacional do cérebro tivessem sido corrompidas, saca?

Impactos nas funções executivas: quando o controle se perde

Agora vem a parte mais complicada: as funções executivas. São aquelas habilidades que nos permitem controlar impulsos, tomar decisões sensatas, planejar o futuro.

Basicamente, é o que nos torna… bem, humanos civilizados!

O córtex pré-frontal, que cuida dessas funções, é justamente uma das áreas mais prejudicadas pela cocaína. Na pesquisa da Bruna Mayara Lopes, ficou claro que o uso precoce da droga compromete especialmente essa região.

Como ela mesma disse: “Essa área é muito importante para a realização de funções executivas, como a memória do trabalho, o controle inibitório e o planejamento.O uso de cocaína na adolescência pode levar a alterações, comprometimento e perda de funções cerebrais importantes para o dia-a-dia.”

Na real, isso explica muita coisa que a gente vê por aí:

  • Aquele cara que sabe que vai perder o emprego se continuar usando, mas não consegue parar
  • A pessoa que gasta todo o salário com droga, mesmo sabendo que a conta de luz tá atrasada
  • Alguém que ama a família, mas desaparece por dias em festas regadas a cocaína

É como se a pessoa ficasse presa num loop, sabe? Onde a única coisa importante é conseguir a próxima dose.

E o pior: quanto mais cedo começa, pior fica. O estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que quem começou antes dos 18 anos tem danos muito mais graves do que quem começou depois. Isso porque o córtex pré-frontal só termina de amadurecer lá pelos 25 anos.

Usar cocaína enquanto ele ainda tá se formando é como construir um prédio sobre areia movediça.

Cérebro em recuperação: há esperança após o vício?

Tá, mas e depois de todo esse estrago? Tem jeito? Posso dizer que sim, tem esperança sim! Nosso cérebro tem uma capacidade incrível chamada neuroplasticidade a habilidade de formar novas conexões e reorganizar circuitos.

Graças a ela, a recuperação é possível, mesmo depois de anos de uso.

Claro que não é fácil nem rápido, viu? Quando alguém para de usar cocaína, o cérebro começa um processo lento de restauração.

Nos primeiros dias e semanas, a pessoa sente sintomas pesados de abstinência depressão, ansiedade, irritabilidade, uma vontade insuportável de usar.

Aos poucos, os receptores de dopamina começam a se regenerar, e a pessoa volta a sentir prazer com coisas simples um pôr do sol bonito, uma música legal, um abraço.

As funções executivas também melhoram gradualmente, embora alguns estudos mostrem que certos déficits podem durar anos, especialmente em quem usou por muito tempo.

Estudos com ressonância magnética mostram que, depois de períodos longos sem usar, acontece uma recuperação parcial dos receptores dopaminérgicos e da atividade em regiões importantes como o córtex pré-frontal.

Hoje em dia também existem técnicas de reabilitação cognitiva que ajudam a “retreinar” o cérebro, fortalecendo conexões que foram enfraquecidas pela droga. São exercícios específicos para melhorar atenção, memória e controle de impulsos.

A recuperação segue mais ou menos assim:

  1. Primeiros dias: O corpo elimina a cocaína
  2. Primeiras semanas: Os neurotransmissores começam a se normalizar
  3. Primeiros meses: Diminui a reação forte aos gatilhos ambientais
  4. 6 meses a 1 ano: Melhora considerável nas funções executivas
  5. Anos de abstinência: O cérebro recupera boa parte da sua neuroplasticidade

O lance é entender que cada dia limpo é um dia que o cérebro tem pra se curar um pouquinho mais. É tipo uma maratona, não uma corrida de 100 metros.

Perguntas Frequentes

Como sei se alguém está viciado em cocaína?

Ah, não é tão simples identificar, mas tem uns sinais que podem acender o alerta. A pessoa fica com aquela montanha russa de humor super agitada e depois caída; pode ter problemas com dinheiro do nada; muda os amigos; fica com o nariz sempre irritado.

No dia a dia, você percebe que ela tá sempre “ligada” e depois super cansada. Se você tá preocupado com alguém, melhor buscar ajuda profissional pra saber como abordar o assunto, tá?

Quanto tempo leva para o cérebro se recuperar após parar de usar cocaína?

Olha, não tem uma resposta única pra isso. Depende de quanto tempo a pessoa usou, quanta cocaína consumia e quando começou.

Os primeiros sintomas de abstinência duram uns 7-10 dias, mas a recuperação completa do cérebro? Isso pode levar meses ou anos.

É que nem um jardim depois de uma tempestade – algumas plantas se recuperam rapidinho, outras demoram mais, mas com os cuidados certos, a maioria volta a ficar bonita.

O dano cerebral causado pela cocaína é permanente?

Alguns efeitos podem durar muito tempo, principalmente em quem começou na adolescência ou usou por muitos anos.

Mas o cérebro é incrível na capacidade de se adaptar. Já vi muita gente recuperar boa parte das funções cognitivas e voltar a ter uma vida normal.

Não é 100% garantido que tudo volta ao normal, mas com tratamento adequado, a melhora pode ser impressionante.

Existe algum tratamento médico específico para dependência de cocaína?

Ainda não temos uma pílula mágica que cure o vício em cocaína, diferente do que existe pra outras dependências.

O tratamento geralmente mistura terapias psicológicas, grupos de apoio e, às vezes, medicamentos pra controlar sintomas como ansiedade, depressão até esquizofrenia desenvolvida por longo período de uso.

É como consertar um carro com vários problemas não dá pra trocar só uma peça, tem que fazer um serviço completo.

Se usei cocaína algumas vezes, já causei danos permanentes ao meu cérebro?

Usar de vez em quando não costuma causar os mesmos danos que o uso frequente, mas cada cérebro reage diferente.

O perigo maior é que a cocaína é muito boa em “ensinar” seu cérebro a querer mais. É como provar aquele doce gostoso demais uma vez pode não mudar seus hábitos alimentares, mas cria uma memória poderosa que pode fazer você querer repetir cada vez mais.

Conclusão: Um cérebro, muitos caminhos

Depois de entender como funciona o cérebro de um viciado em cocaína, fica claro que o vício não é fraqueza de caráter é uma condição médica complexa que redesenha literalmente os circuitos cerebrais.

O que eu aprendi estudando esse assunto é que faz toda diferença quando a pessoa começa a usar.

É muito mais difícil recuperar um cérebro que foi exposto à cocaína durante o desenvolvimento do que um que já estava maduro.

Mesmo assim, a neuroplasticidade do cérebro é quase mágica. É impressionante como, com o tratamento certo e tempo suficiente, muitas pessoas conseguem reconstruir suas vidas e recuperar funções importantes.

Pra quem tá lutando contra o vício ou conhece alguém nessa situação, o primeiro passo é buscar ajuda especializada.

Não tente enfrentar isso sozinho é tipo tentar consertar seu próprio carro sem entender nada de mecânica.

Nossa equipe tem profissionais preparados pra entender exatamente o que tá acontecendo no seu cérebro e oferecer as melhores estratégias de tratamento.

Tá na hora de dar o primeiro passo? Clique no botão abaixo e fale com um dos nossos especialistas.

Seu cérebro e sua vida merecem essa segunda chance.

Referências

CUNHA, P. J. et al. Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, n. 2, p. 103-106, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/SGWqfMgd3J7XXXqqDqS674n/. Acesso em: 25 fev. 2025.

LOPES, B. M. et al. Cocaína tem ação mais devastadora no cérebro de adolescentes. Jornal da USP, 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/cocaina-tem-acao-mais-devastadora-no-cerebro-de-adolescentes/. Acesso em: 25 fev. 2025.

LIZASOAIN, I.; MORO, M. A.; LORENZO, P. Neurobiologia da ação da cocaína. Revista UNIAD – Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, 2004. Disponível em: https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2009/08/Neurobiologia_da_Acao_da_Cocaina.pdf. Acesso em: 25 fev. 2025.

WhatsApp
Facebook
Twitter
Email
Posts Relacionados